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A SEGUNDA MILHA MISSIONÁRIA

A SEGUNDA MILHA MISSIONÁRIA
Joncilei Mendes da Silva
jan. 23 - 7 min de leitura
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Mateus 5:41: “Se alguém obrigar você a andar uma milha, vá com ele duas.”

A Lei romana permitia que um soldado romano obrigasse a qualquer cidadão do Império carregar uma carga ou bagagem por uma milha (1478 metros) ou qualquer outro serviço que este determinasse.

Um exemplo da aplicação desta lei romana no Novo Testamento é a exigência dos soldados romanos para que Simão carregasse a cruz de Jesus quando ele caiu a caminho do Calvário  (Mc 15:21).

O contexto deste ensinamento de Jesus faz parte da série de contrastes que Ele traça entre o seu ensino e os ensinos dos anciãos e rabinos e suas interpretações e aplicações da Lei.

O trecho específico trata da questão da vingança e da não resistência em casos de agressão, obrigação legal ou empréstimos.

A Lei não permitia que as pessoas aplicassem a vingança pessoal, mas que deixassem que as autoridades infringissem as punições determinadas pela Torá. Os escribas e fariseus, portanto, em sua interpretação e aplicação da Lei abriram espaço para a retribuição e vingança pessoal.

Jesus não está anulando a Lei e nem a contradizendo, mas apresentando um caminho melhor de cumprir a Lei. Ao invés da vingança e resistência aos perversos, Jesus propõe o caminho da não violência, da superação da exigência e do amor e da bondade prática.

Em síntese, Jesus estava dizendo: “faça o bem a quem te faz mal”, “faça mais do que é obrigado a fazer” e “dê mais do que lhe é pedido”.
A segunda milha proposta por Jesus surpreende nossos opositores, supera as expectativas e expressa verdadeiro amor.

Você deve estar imaginando: “O que isto tem a ver com missões?”, “como aplicamos o princípio da segunda milha em missão?”. Como podemos fazer além do que é exigido e esperado em nossa atuação missionária para expressar bondade e amor?

Acredito que no apóstolo Paulo temos um perfeito exemplo de um missionário que aplicou de forma bem-sucedida o princípio da segunda milha missionária. Quando Paulo em sua Segunda Viagem Missionária decide levar Timóteo consigo, ele o convence a se circuncidar (At 16:1-2) devido à interação e convivência que teria com os judeus em suas viagens.

Timóteo era filho de mãe judia e pai grego. Para os judeus ele seria considerado um autêntico judeu, caso fosse circuncidado. Porém, se Timóteo continuasse vivendo e atuando em ambientes cristãos e pagãos, não teria a necessidade de se circuncidar. Se ele não quisesse assumir esta identidade étnica, cultural e religiosa de “judeu”, poderia continuar incircunciso. 

Espiritualmente falando, sua salvação e ministério não dependia disto. A questão então é: por que então ele aceita se circuncidar? Uma cirurgia que o deixaria marcado no corpo por toda a vida? E que o deixaria com dores por 3 dias? Por que ele fez, se não precisava?

Resposta: Pela missão! Circuncidado, Timóteo teria acesso a ambientes judaicos e poderia pregar livremente. Teria credibilidade para mostrar Jesus como o Messias profetizado na Torá. Para Timóteo a missão era mais importante do que sua razão, seus direitos ou conforto.

Paulo nos dá outro exemplo quando retornando a Jerusalém, ele ouve de Tiago que sua fama era de alguém que é contra a Lei de Moisés, contra a circuncisão e os costumes da Lei (At 21:20-21). Tiago persuade Paulo a guardar um voto onde ele rasparia a cabeça, se purificaria e se exporia publicamente no Templo para que os judeus que o vissem soubessem que os boatos sobre ele eram mentirosos (At 21:23-24).

 Paulo não somente aceita a proposta e toma o voto, ele até paga os custos para que quatro homens raspassem suas cabeças e tomassem o mesmo voto. Por quê? Este era o plano conciliador de Tiago, não dele! Plano este que nem deu certo! Por que Paulo aceitou fazer algo que ele não precisava para desmentir boatos que eram mentirosos? Que lhe custou dinheiro e até talvez a sua reputação?

Pela Missão! Por amor a Cristo e amor ao próximo. Porque Ele amava aqueles que Deus ama e decidiu em sua Missão não ser pedra de tropeço para ninguém e ser tudo para todos visando ganhar alguns (1Co 9:19-23).

A Segunda Milha Missionária para Timóteo e para Paulo construiu pontes de ligação ao invés de erigir muros de separação. Também serviu para identificá-los com Cristo no autoesvaziamento, sacrifício e também na sensação de realização ao cumprir sua missão dada por Cristo (2Tm 4:6-8).

E para nós hoje? Qual tem sido a nossa Segunda Milha Missionária?
O que ela pode nos ajudar a realizar em prol da Missão que Cristo nos entregou? Acredito que dependendo do contexto cultural e do tipo de missão que somos chamados a realizar, a segunda milha missionária pode assumir contornos e conteúdos diferentes.

Em 2018, uma equipe de nossa congregação foi até Moçambique para servir numa missão de curta duração com uma agência missionária interdenominacional. Embora a língua, o clima do país fossem semelhantes, a cultura e os costumes eram muito diferentes.

Tivemos que adotar o princípio da Segunda Milha para expressar respeito e empatia pela cultura local e construir pontes e conquistar o direito de sermos ouvidos. Não foi fácil!
Nossas irmãs tiveram de vestir capulanas  quentes num clima ensolarado típico da África. Além do desconforto para andar e o calor, havia a preocupação de lembrar de vestir a indumentária.

Os homens tinham que sempre estar vestidos de calça cumprida no mesmo sol causticante e também de resistir a tentação de criticar e determinar como se fazer o trabalho da forma como costumamos fazer em nosso país.

O que conquistamos, missionariamente falando, por aplicar a Segunda Milha em Moçambique? Conseguimos falar de Cristo em algumas igrejas e localidades sem igrejas e fomos convidados para irmos em outras que souberam de nossa presença e do trabalho que realizávamos.

Conseguimos lidar com diferenças de língua, cultura e etnia para trabalharmos em parceria com missionários e obreiros locais que dedicam suas vidas a Missão e que muito nos ensinaram sobre a obra missionária em contextos diferentes do nosso.

 

Qual tem sido a sua Segunda Milha? O que a Missão está te chamando para fazer ou deixar de fazer?

Que sacrifícios ou perdas a Segunda Milha Missionária tem exigido de você e da sua congregação?

Quem a Segunda milha missionária tem te chamado para se tornar com o fim de ganhar pessoas para Cristo?

 

 Seja quem for que você esteja sendo chamado para se tornar ou o que for que você esteja sendo direcionado para fazer ou deixar de fazer, o resultado sempre será o mesmo: a identificação com Jesus.


Caminhando a segunda milha eu estarei sempre caminhando como Jesus, caminhando com Jesus e caminhando para Jesus.

 

Joncilei Mendes



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