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AS PESQUISAS MISSIONÁRIAS COMO INSTRUMENTO DA GRANDE COMISSÃO

AS PESQUISAS MISSIONÁRIAS COMO INSTRUMENTO DA GRANDE COMISSÃO
Felipe Fulanetto
dez. 1 - 5 min de leitura
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Os últimos anos de pesquisa no movimento missionário global alteraram significativamente o curso das atividades missionárias. As pesquisas moldaram como nós oramos, o que fazemos, onde vamos, como treinamos, o que escrevemos e como mobilizamos organizações missionárias e igrejas. As pesquisas missiológicas ou missionárias, deixaram de ser apenas uma ferramenta para cumprir a grande comissão e tornaram-se um instrumento essencial que sem ela não avançaríamos.

Também acredito que estamos vivenciando um período animador para pesquisas missionárias no Brasil. Nunca antes se falou tanto em pesquisa e houve pessoas interessadas em cooperar nessa área. Intencionalmente, por onde passo, digo que estou envolvido com pesquisas, e tenho recebido retorno de jovens e adultos desejando se envolver. Porém, é verdade também, que ainda temos muito que avançar para termos um movimento de pesquisadores em missão solido, mas estamos caminhando para isso.

Vale pontuar que esse esforço de compreender a nossa realidade aplicando pesquisas, não é algo inovador. Em 1792, em uma cidade da Inglaterra, um jovem e empobrecido pastor, professor de tempo parcial e sapateiro, tomou para si a responsabilidade de redigir um panfleto simples e objetivo para mobilizar a sua comunidade com o propósito de evangelização mundial. Nas 87 páginas contidas nesse panfleto, havia um conteúdo recheado de  estatísticas e gráficos, demonstrando a urgência da pregação do Evangelho para todos os povos. O título, que é grande demais para os moldes atuais, hoje é mencionado como “Uma investigação sobre o dever dos cristãos” ou ainda apenas como “Investigação”. Após mais de 200 anos, hoje o seu autor é conhecido como o pai das missões modernas, William Carey[1]. E, certa vez, ele mesmo afirmou que, "para conhecermos a vontade de Deus, precisamos de uma Bíblia aberta e de um mapa aberto"[2].

Da mesma forma, um outro inglês chamado Hudson Taylor, em 1865, publica um livro contendo diversos mapas, ilustrações e informações da gigantesca China do século XIX, que em suas palavras, a sua intenção com toda a pesquisa foi “que esses fatos devem produzir alguns frutos no coração de cada leitor cristão. O fruto legítimo, sem dúvida, será...[a] salvação dos chineses...”[3]

A mesma intenção que guiou Hudson Taylor em compilar todas as informações é a mesma que direciona os nossos passos ainda hoje. Pesquisas como as dos povos não alcançados de Joshua Project, guia de oração da Operation World, fortalezas e debilidades do movimento missionário, feito pela COMIBAM e a força missionária brasileira, feita pela AMTB. Todas elas têm algo em comum: que esses fatos produzam frutos no coração de cada cristão para que mais vidas sejam transformadas por Cristo!

Assim como Edgar J. Elliston afirma, entendemos que a pesquisa missionária é o processo de consiliência com a Missão de Deus[4], nesta maneira, distinguindo-se das demais pesquisas acadêmicas. O trabalho do missionário pesquisador, não é simplesmente encontrar uma resposta para suas incógnitas, mas buscar discernir o que Deus fez e está fazendo, como também, entender como podemos cooperar com Ele. Por isso, compreendemos o pesquisador em missão como um obreiro, cristão, missionário, humano, com suor no rosto, mãos estendidas e pés na estrada.

O ponto de partida para ser um bom pesquisador é ter um espírito curioso e inquiridor. Devemos ter o desejo de buscar saber o porquê que as coisas acontecem ou como elas funcionam. Por isso concordo com Steven Sang-Cheol Moon que “precisamos fazer mais perguntas em vez de usarmos argumentos pré-fabricados”[5], pois quando achamos que sabemos de tudo, deixamos de fazer perguntas. O princípio da pesquisa é a dúvida, e, o relatório dela, a resposta.

Por fim, se você está começando a se envolver com pesquisas e sente que Deus está te direcionando para esse caminho, quero deixar quatro conselhos iniciais: 1) a pesquisa não substitui o trabalho do Espírito Santo; 2) a pesquisa não substitui a oração; 3) não subestime a espiritualidade da pesquisa; 4) faça uma pesquisa que seja duradoura, prática e relevante para o movimento missionário.

Que o Senhor da seara possa guiar os passos de cada um de nós!

 

Felipe Fulanetto

Pastor e missionário da Igreja do Nazareno, pesquisador missionário e membro do Departamento de Educação Missiológica pela AMTB.

 


[1] WINTER, Ralph D., HAWTHORNE, Steven C., BRADFORD, Kevin D. Perspectivas no Movimento Cristão Mundial. São Paulo: Vida Nova, 2009, pg. 291-299.

[2] MOBILIZATION, Center for Mission. Go Mobilze. CMM Press, pg. 4-5.

[3] TAYLOR, J. Hudson. China: its spiritual need and claims; with brief notices of missionary effort, past and present. London: James Nisbet, 1865.

[4] ELLISTON, Edgar J. Introduction to Missiological Research Design. Pasadena: William Carey Library, 2011, pg. XXII.

[5] MOON, Steven Sang-Cheol. Rumo À Verdadeira Globalização Nas Missões Mundiais, Lausanne, 2019. Disponível em: https://www.lausanne.org/pt-br/recursos-multimidia-pt-br/agl-pt-br/2019-01-pt-br/rumo-a-verdadeira-globalizacao-nas-missoes-mundiais?fbclid=IwAR03AqC7i02R01Cz-hVA8TnQBmpxIesDZl7HtWUjKdtFdskfOspMi2fLKl8. Acesso em: 20 março de 2019.

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