Enoque andou com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus o tomou para si – Gênesis 5:24.
“Dize-me com quem andas e te direi quem és”.
Tão antigo, talvez, quanto o próprio Enoque esse ditado encerra uma verdade incontestável: somos atraídos por pessoas e situações que se afinam com o nosso modo de pensar, de sentir e de agir. Dificilmente um mosteiro seria um lugar escolhido por “punks” para uma semana de recolhimento ou uma prancha de surf teria o mesmo atrativo que a agulha de tricô para uma senhora idosa.
As exceções ficam por conta dos ministérios, serviços voluntários e obrigações profissionais. Por dever de profissão nos relacionamos com todo tipo de pessoas; por chamada divina o missionário deixa sua terra e sua família para conviver com povos de culturas totalmente diferentes ou o voluntário abre mão do convívio familiar para atender pessoas carentes. Quando nenhuma dessas situações está presente e temos a liberdade de optar é que revelamos realmente quem somos e do que ou de quem gostamos.
Essa era a situação de Enoque. Um homem cujo nome aparece em poucas referências na bíblia, porém, com um destaque de fazer inveja aos grandes heróis mencionados no livro de Hebreus. Sua opção foi andar com Deus, de uma forma tão próxima, que, dizem as boas línguas, um dia Deus lhe disse: Enoque, já que estamos mais perto da minha casa, vamos para lá. E Deus o levou consigo. Foi trasladado sem provar a morte física como os demais mortais.
Quantas vezes vemos a situação se inverter na vida dos cristãos. O prazer está em conviver com a mentira, o pecado, as situações que não agradam a Deus e a obrigação - quase profissional – está no ir à igreja, buscar a palavra de Deus, contribuir, ser benção para o corpo de Cristo.
O padrão Enoque de qualidade deve ser um diferencial, uma marca na vida do cristão verdadeiro. Nada deve se igualar ao prazer da presença de Deus, do seu Espírito, da sua palavra.
Para cumprir sua missão Moisés teve que fazer sua escolha, conforme testemunhado em Hebreus 11:24:25:
“Pela fé Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus, a usufruir os prazeres transitórios do pecado”.
Que melhor exemplo poderíamos ter do que o do próprio Senhor Jesus?
Na experiência da transfiguração (Mat. 17:1-13) vemos o Senhor tendo comunhão com seus discípulos e, em visão, comunhão com Moisés e Elias; porém, por causa da sua missão optou por não acatar a sugestão de Pedro e permanecer no monte. Logo ao descer começou a tratar das necessidades do povo curando um jovem possesso (v. 14-18).
O que fazemos por prazer pode ser uma benção, desde que não atrapalhe o trabalho que temos a fazer como missão.